1 – Noções básicas de análise de imagens e vídeos – Introdução
A importância da Ciência para a Ufologia
Embora a Ufologia ainda não seja considerada, pela maioria dos cientistas, uma Ciência, o estudo dos fenômenos ufológicos pode e deve se utilizar de conhecimentos científicos advindos de áreas como a geologia, biologia, física, química, psicologia, dentre outros, além do uso de metodologia científica em seus processos investigatórios.
Não é à toa que um dos mais importantes especialistas em investigações de campo e em exames de fotos e filmes de discos voadores, Toni Inajar, é perito criminal, ou seja, integra aquilo que se chama de “Polícia Científica”, com metodologia rigorosíssima na apuração das evidências e sua aceitação ou rejeição como “prova” do ato delituoso.
Como analisar?
Não pretendo, neste artigo introdutório, discutir sobre o embate Ufologia x Ciência (quiçá em outro post, quem sabe?) mas, sim, apresentar ao neófito algumas noções básicas sobre a análise de imagens e vídeos sem a pretensão, no entanto, de encerrar o assunto, mesmo porque publicarei outros artigos buscando aprofundar o assunto um pouco mais.
Gostaria de deixar claro, também, que não faz parte dos objetivos do Grupo de Estudos Ufologia Integral Brasil – UIB – analisar imagens ou vídeos.
As poucas análises que efetuamos das imagens enviadas por membros e simpatizantes são apenas prévias, referentes apenas a possíveis causas naturais, além de fornecemos algumas dicas para ajudar os estudantes desses fenômenos. Nos próximos posts, também apresentaremos alguns exemplos práticos.
Basicamente, a análise de fotos ou vídeos engloba três passos: o levantamento de possíveis causas naturais ou explicáveis, como planetas ou estrelas, chuva de meteoros, aeronaves, drones, balões, sinalizadores, nuvens, relâmpagos, pássaros, insetos, refrações da luz em partículas suspensas no ar ou nas lentes das câmeras, faróis, luzes em torres, a obtenção de informações complementares, como data, hora, local, possibilidade de eventos fortuitos como festas, exercícios militares, etc., e, finalmente, a análise das imagens ou vídeos propriamente dita, utilizando softwares específicos, como Adobe Photoshop, Premiere ou outros.
Ufólogos como Toni Inajar afirmam que, infelizmente, 99% das imagens analisadas possuem explicação lógica. No entanto, aqueles 1% realmente instigam nossa imaginação e fascinam a todos os apaixonados pelo assunto.
Mas bora lá começar a compreender esse mundo dos avistamentos captados em imagens e vídeos! Antes, porém, gostaria de passar algumas dicas para quem realiza vigílias ufológicas ou que acaba sendo surpreendido por um avistamento e pretende registrar o ocorrido:
Dicas para quem vai fotografar ou filmar
Imagens ou vídeos com baixa definição, desfocados, tremidos ou então com o objeto se movimentando de um lado para o outro, sendo que, na ocasião, ele estava fixo, são praticamente impossíveis de ser analisados.
Exemplo de foto com a luz “tremida”. (Fonte: Olhares.com)
Assim, seguem algumas dicas para que o trabalho de análise seja mais produtivo:
– Procure utilizar bons equipamentos, contendo zoom óptico; zooms digitais são mais baratos, porém deixam a imagem com menor qualidade;
– Opte, sempre que possível, por filmar, em vez de fotografar, a não ser que o objeto esteja fixo, ou seja, sem movimento algum;
– Sempre mantenha na tela um ponto de referência ao objeto, como um edifício, uma montanha, um poste de luz, o horizonte, etc;
– Segure a câmera de modo firme, utilizando, se puder, tripés ou apoiando-a em superfícies fixas;
– Anote data, hora e localização exatos;
– Guarde, em local seguro, os arquivos originais das fotos ou vídeos, pois contém informações importantíssimas, como os dados EXIF – Exchangeable Image File Format) que demonstram exatamente como, quando e onde a foto foi tirada. Explicaremos nos próximos tópicos.
Primeiro passo: analise as possíveis causas naturais
Antes de abrir o Adobe Photoshop e perder horas preciosas analisando pixel a pixel, para depois constatar que o objeto era, na realidade, a passagem da Estação Espacial Internacional (ISS), verifique se o avistamento ou fenômeno pode ter explicação científica:
– Em avistamentos de luzes, fixas ou em movimento, utilize aplicativos ou softwares para identificar a possibilidade de serem astros (StarChart, Skyview, Stellarium, etc.), chuvas de meteoros (StarWalk, Meteor Shower Calandar, etc), satélites (Find Starink, N2YO, etc), ou, ainda, aviões e helicópteros (FlightRadar24 e outros);
Trenzinho de Satélites Starlink. (Fonte: Astrofarmer Imaging NZ)
– Verifique a possibilidade de existência de sujeira ou água nas lentes das câmeras ou em vidraças:
Gota de água na lente da câmera do Google Maps
– Elimine outras causas naturais, como balões, drones, pipas, foguetes sinalizadores, nuvens lenticulares, contrails, halo solar, relâmpagos, fogo fátuo, pássaros (blurfos), insetos (orbs e rods), refrações em partículas (orbs), efeitos ópticos (lens flare, píxel apagado em câmeras digitais mais antigas), reflexos em vidros ou vidraças, círculos de fumaça, postes de luz, torres em edifícios ou montanhas, luzes de veículos no meio do mato ou em estradas, etc.
Leia aqui outro artigo desta autora, sobre os Blurfos, ou seja, UFOs “Borrados” que se tratam, na verdade, de pássaros em vôo. O ufólogo Gevaerd os apelidou carinhosamente de “passarinhóvnis“:
Vejam a foto abaixo, bastante comum nos grupos de Ufologia. Na realidade, o “ponto azul” não é um OVNI nem um ORB; trata-se, apenas e tão somente, da reflexão da luz nas lentes internas da câmera fotográfica:
Exemplo de imagem com distorção óptica “Lens Flare”. Observe o ponto azul. (Fonte: WhatsApp)
Leia aqui post de Newton Rampasso sobre um caso que, no final das contas, possivelmente se tratava de sinalizadores:
Nos artigos seguintes abordaremos esses itens com mais detalhes.
Segundo passo: analise o cenário e obtenha informações complementares
Normalmente, essa fase engloba uma nova visita do pesquisador ou da testemunha até o local da captação da imagem ou vídeo:
– Se a imagem foi captada durante a noite, retorne ao mesmo local, durante o dia, para verificar o cenário, procurando identificar fontes de luz possíveis como postes, luzes instaladas em torres, luzes de faróis de possíveis veículos no meio do mato ou em estradas, etc.
Poste de Iluminação em formato de OVNI (Fonte: The Home Depot)
– Investigue se ocorreram eventos próximos ao local, como explosões de transformadores, exercícios militares com sinalizadores, shows com efeitos de pirotecnia ou de luzes, chuvas, tempestades magnéticas, etc;
Explosão de transformador em Nova York, em 2018. (Fonte: Twitter)
– Caso possível, identifique e faça perguntas a outras testemunhas. Questione se houve apagão de luzes, barulhos estranhos, manifestações magnéticas anômalas, etc;
– Não se esqueça que “radares” não mentem; procure conversar com operadores de radar ou radioamadores que possam ter ouvido conversas das autoridades policiais locais; pesquise, também, sobre possíveis pousos de objetos.
Terceiro passo: analise minuciosamente as imagens ou vídeos
Finalmente, aquilo que nos dá arrepios na espinha: excluídas as causas naturais ou possíveis explicações científicas, agora é o momento de se debruçar e, nas palavras do ufólogo Jackson Camargo, “escovar pixel a pixel”.
– Para isso, procure obter a imagem “original” da própria câmera ou filmadora;
– Não recomendamos a análise de “prints” de telas de celular ou de computadores, pois, além de a qualidade das imagens se deteriorar, informações fundamentais, como os dados EXIF, são perdidas; o EXIF demonstra exatamente como, quando e onde a foto foi tirada. Essas informações são fundamentais, em especial, para se detectar possíveis fraudes. Imagine que a testemunha afirme que a foto foi tirada em um local, data e hora específicos; manipulações de imagens sempre se darão em locais e momentos diferentes, e a análise do EXIF poderia demonstrar isso;
– Não dê “prints” em telas de Youtube, no caso de vídeos. Utilize softwares para analisar as imagens quadro a quadro;
– Utilize computador “robusto” e softwares de análise de imagens, como Adobe Photoshop, Premiere, etc., para ampliá-las e analisar cada um dos pixels, cuidadosamente, em cada imagem e em cada quadros (no caso de vídeos), buscando identificar a possibilidade de o objeto ter sido introduzido posteriormente, o que poderia indicar uma fraude;
– Analise, também, aquilo que chamamos de “ruído” da imagem, ou seja, se o padrão de cores dos pixels se mantém homogêneo. Alterações nesse “ruído” indicam possível manipulação de imagens, ou seja, fraudes;
A análise do ruído da imagem pode determinar se houve manipulação ou não. Neste caso, não houve alteração do ruído, ou seja, a imagem não aparenta manipulação. (Fonte: Jackson Camargo)
– Não deixe de analisar a imagem completa, pois poderão ser identificadas cenas que possam explicar a origem do objeto, ou, ainda possam indicar fraudes, como fios de nylon.
Leia aqui análise de vídeo, feita por Rafael Amorim, sobre um caso diagnosticado como fraude:
(Fonte: Rafael Amorim)
Nos próximos posts, detalharemos como identificar as possíveis causas naturais e apresentaremos algumas análises de erros de interpretação e, até, de fraudes.
Finalizando, gostaria de lembrar, novamente, que não faz parte dos objetivos do Grupo de Estudos Ufologia Integral Brasil – UIB – analisar imagens ou vídeos; os artigos fornecem apenas orientações iniciais sobre o assunto, de modo que cada um possa realizar seus próprios estudos e análises.
Importante: o conteúdo, os fatos e as opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor(a) e não refletem, necessariamente, a opinião dos administradores do UIB.
Equipe UIB